quarta-feira, 9 de novembro de 2011

22 e 23/10/11 – FERROCK FESTIVAL – Pç. da Adm. da Ceilândia (DF)

Uma pequena dose de inércia por parte de uma reduzida parcela dos funcionários da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, combinada perigosamente com a falta de vontade política, produziu um coquetel que quase pôs fim ao FERROCK Festival deste ano.
Oras, o FERROCK não é só o festival mais antigo da Capital Federal, é também um dos mais antigos do Brasil e está contemplado no calendário oficial de eventos do Distrito Federal, fato último que, por si só, já deveria fazer com que o governo local, independente da corrente partidária que esteja inserido, o olhasse com mais respeito.
Graças ao teimoso, batalhador e ideológico trio (Ari, Cléber e Fernando), o ano de 2011 não foi deixado de fora e o FERROCK conseguiu chegar- na base de muita luta e de muitas dívidas acumuladas – a sua 26ª edição.
O primeiro grande golpe veio na quinta-feira, 20/10/11, com um inesperado corte de verba por parte da Secretaria de Cultura, o que inviabilizou a vinda das 7 bandas da região Norte (que seria e foi homenageada na ocasião) e a realização da palestra “Beneath the remains: uma brevíssima História do heavy-metal brasileiro”, que seria ministrada no dia 21/10 (sexta) pelo professor da Universidade Federal do Acre, o senhor Wlisses, também vocalista da Discórdia, uma das bandas do cast nortista.
Como se o ataque já não tivesse sido o suficiente brutal, o punhal foi cravado novamente. Pelo atraso na liberação da verba pública, a produção foi obrigada a cancelar a apresentação da atração principal do domingo, 23/10/11, que atende pelo conhecidíssimo e querido nome de Sepultura.
Contudo, mesmo fisicamente e psicologicamente abalado e fragilizado, o festival conseguiu reunir forças e fazer realizar-se.
O sábado, 22, foi marcado por um frio cortante e uma garoa insistente, o que espantou boa parte do público, até mesmo muitos dos assíduos roqueiros desse tradicional e honrado festival. A abertura coube ao rápido hardcore da Dependência Pulmonar, que mesmo tocando como trio, uma vez que o vocalista da banda não pode retornar ao Brasil devido ao vulcão chileno, fez um set bastante correto. Deixou o palco para que a música grunge da Darshan começasse a chamar a atenção dos presentes. Brazilian Blues Band veio em seguida e mostrou que a larga experiência faz muita diferença: banda solta, entrosada e com um blues abrasileirado muito bem executado. A banda Trampa, que parece ser a nova promessa do rock Brasília, fez um show competente e colocou boa parte do público para pular com uma música cheia de influências de diversos estilos de nosso bom e velho rock. Na falta das 4 bandas do Norte (Hellfire Club, Veludo Branco, Minibox Lunar e Discórdia), a homenagem à região ficou por conta do grupo de cultura popular Boi-Bumbá do Amazonas, que foi prestigiada com muito respeito pelos roqueiros presentes. Terror Revolucionário foi a penúltima atração e esquentou a roqueirada com 22 pauladas hardcores com flertes punk, crust, grind e thrash. Para encerrar o gélido sábado, o bluseiro paulista André Cristovam, acompanhado por uma excepcional cozinha, deixou as cerca de 750 pessoas perplexas com tamanha entrega e paixão pela música. Saiu de palco aplaudidíssimo às 21 horas e 50 minutos.
O domingo foi mais pesado e mais metal. A abertura ficou a cargo da thrasher Acid Speech, que, com nova formação, foi obrigada a fazer um set mais curto, cerca de 20 minutos de riffs intensos. Rebel Shot Party veio em seguida e detonou seu rock punk vibrante e dançante, mas os momentos de maior proximidade com o público ocorreram quando tocou cover da Ramones e da Nirvana. Do Espírito Santo veio a Mass Execution, adepta do velho death-metal sueco, que também foi obrigada a fazer um set curto, uma vez que seu baixista foi impossibilitado de viajar e foi substituído pelo Marcondes (Acid Speech e Pesticide, bandas brasilienses). Mais curto ainda foi o set da paulista Restos de Feira, que foi obrigada a tocar com o batera Marcelo, da Mass Execution, o que forçou a banda a apenas 15 minutos de um grind ríspido e com cara de poucos amigos. O grupo de carimbo Pelinsky foi o único a representar a região Norte no domingo de sol forte, em razão do cancelamento das bandas Delinqüentes, Brutal Exuberância e Mata Burro. Mais uma vez o público soube acolher e respeitar. De última hora, foi improvisada uma nova atração: Pesticide. Como quase todos da banda estavam por lá, com exceção do guitarrista solo, Luis, os integrantes aceitaram a missão e surpreendaram fazendo um dos melhores shows de todo o FERROCK Festival 2011. Death-metal com leves pitadas de thrash que enlouqueceram os bangers presentes e preparam terreno para a DFC abrilhantar a noite com seu conhecidíssimo hardcore ácido, curto e veloz. Uma grande noite!
No peito e na raça o FERROCK conseguiu arrecadar mais de uma tonelada de alimentos, que serão doados para diversas famílias carentes do Distrito Federal e do Entorno. Rock solidário e consciente!
As 7 bandas da região Norte serão convocadas no ano de 2012 para representarem seus respectivos estados no coração de nosso imenso Brasil tão ferido por tantas mãos sorrateiras dos que se dizem representantes do povo brasileiro.
Que venham milhões de outros FERROCK!!!!
Texto por: Fellipe CDC 
 

Este texto esta publicado também na versão digital da Revista Rock Brigade.